Bitcoin

De qual risco você precisa se proteger?

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Uma semana, sem dúvida, catastrófica para os mercados financeiros, onde vimos o conceito de risk-off na prática. De maneira simples e resumida, risk-off ocorre quando o mercado quer fugir do risco e busca proteção para suas carteiras em ativos considerados seguros. O oposto disso é o risk-on.

Vimos uma queda substancial em praticamente todos os mercados de risco, como ações, commodities, moedas e criptos. Particularmente, só vi os títulos subindo expressivamente, além de algumas moedas de proteção, como 6J1! e 6S1! . Isso me faz refletir: ao que o dólar protege? Ao que o Bitcoin protege? Todos os ativos têm seus prós e contras, e é isso que quero abordar hoje.

Título de 10 anos dos EUA

Este é o ativo principal que usarei como base de comparação com os demais. Ele é seguro porque é garantido pelo governo americano, tem um rendimento previsível e pode ter um duration mais curto, dependendo do tipo do título. Possui alta liquidez e serve para proteger os investidores de crises governamentais.

Porém, esse título tem um dono: o governo. Sua volatilidade e seus rendimentos podem ser altamente afetados por decisões políticas e econômicas dos Estados Unidos, como as do FOMC, além de riscos inflacionários, desvalorização do dólar e impostos.

Ouro

O ouro é o ativo de proteção mais antigo. Por sua característica deflacionária, seu preço não sofre degradação, protegendo contra a inflação. É o clássico ativo buscado em momentos de incerteza ou crise, justamente por ser independente de governos e possuir ampla liquidez.

Todavia, ele não gera renda passiva, não paga cupom nem dividendo, mas sim impõe custos de armazenamento, segurança e transporte. Além disso, por ser um ativo físico, pode ser taxado por governos.

No gráfico abaixo, vemos a relação entre o Tesouro de 10 anos dos EUA e o ouro. É possível observar como, recentemente, o título variou amplamente em 1% a.a., enquanto o ouro acumulou valor ao longo do tempo.
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Dólar, Iene e Franco

O dólar é a moeda do mundo: aceito globalmente, tem alta demanda em crises e se fortalece em ciclos de aperto monetário (como o atual). No entanto, é totalmente dependente da política econômica dos Estados Unidos, assim como o título de 10 anos.

Já o iene e o franco suíço são moedas relevantes porque, historicamente, pertencem a países com baixa inflação, política de neutralidade e mercados suficientemente líquidos, além de apresentarem baixa volatilidade. O iene, em particular, é amplamente utilizado no carry trade, onde investidores tomam capital a juros baixos no Japão para aplicá-lo em mercados com rendimentos superiores.

O ponto fraco dessas moedas é sua baixa taxa de valorização ou juros excessivamente baixos – às vezes até negativos. O dólar tem sido a principal moeda de reserva mundial por décadas. Mesmo em tempos de incerteza, o dólar ainda se mantém como uma escolha dominante, o que o diferencia de moedas como o iene ou o franco suíço.

No gráfico, observamos a correlação na busca por segurança em moedas como iene e franco, juntamente com os títulos de 10 anos, enquanto o dólar perde força. Em situações em que tanto o título americano quanto o dólar são impactados por uma crise, a fuga ocorre para moedas fora da esfera de controle dos Estados Unidos.
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Bitcoin

Assim como o ouro, o Bitcoin é escasso e limitado por sua regra imutável no blockchain. Além disso, é descentralizado, sem controle de governos ou empresas, o que lhe confere potencial para proteger contra a desvalorização de moedas ou até mesmo riscos sistêmicos, graças à sua capacidade de ser transacionado peer-to-peer.

Diferentemente do ouro, o Bitcoin não impõe custos de armazenamento e transporte, além de oferecer um alto nível de segurança e transparência em uma rede aberta.

No entanto, alguns desafios dificultam sua adoção como reserva de valor. O Bitcoin é altamente volátil, podendo tanto valorizar significativamente quanto sofrer quedas expressivas no curto e médio prazo. Não gera renda passiva, juros ou dividendos, e sua custódia deve ser feita pelo próprio investidor para garantir maior segurança. É possível armazená-lo em terceiros, mas isso implica riscos adicionais, como ataques hackers e dependência da infraestrutura e da cibersegurança do provedor escolhido.

Embora o Bitcoin tenha uma volatilidade exacerbada, ele ainda não passou por uma crise econômica global profunda. Isso poderia gerar discussões sobre sua maturidade como reserva de valor. Durante a crise de 2008, por exemplo, o ouro foi tradicionalmente considerado uma proteção e foi amplamente valorizado naquele momento onde um ativo de segurança não negociando em mercado aberto global, os Imóveis, depreciaram muito.

No gráfico abaixo, destaco momentos do último ano em que o título de 10 anos e o Bitcoin apresentaram correlação negativa. Isso significa que o mercado vendeu Bitcoins para comprar títulos de 10 anos como forma de proteção.
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Entendeu melhor para que serve cada ativo de segurança negociado no mercado aberto? Assim, você pode diversificar melhor sua carteira e estar preparado para qualquer tipo de intempérie econômica.

Eu não tenho dúvidas que fui sucinto em cada assunto, há muito mais para discutir, mas por hoje, fica essa reflexão.

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